domingo, 30 de novembro de 2014

Almanack do Arrebol: um almanaque cultural leopoldinense


Conheci o Almanack do Arrebol em 2013, durante a realização da exposição "Do Feijão Cru ao Girassol Maravilhoso: tempo e memória leopoldinense", por intermédio de Luciano Baía Meneghite, sobrinho do seu criador.

Percebi, desde o primeiro momento, estar à frente de um produto cultural da maior qualidade e que, surpreendentemente, era inteiramente pensado e realizado em Leopoldina, por gente desta cidade. Digo que fiquei surpreso pois não é comum ainda hoje em cidades do interior do Brasil, com um número de habitantes que se conta às dezenas dos milhares, surgir esse tipo de veículo impresso e com o nível de qualidade de material informativo que o Almanack do Arrebol divulgava, ainda na década de 80 do século XX.

Recebi, então, a visita do leopoldinense Elias Abrahim Neto, seu idealizador, editor, diagramador, colaborador e distribuidor. Trazia consigo todos os 9 volumes editados, num período que se estendeu por 3 anos. Pude então observar, após a leitura dos mesmos, que apesar de terem se passado aproximadamente 34 anos desde que o seu número Zero circulou, nada em seu conteúdo havia perdido o significado ou importância e que continuava a ser perfeitamente atual em sua proposta e artigos publicados.

Vi, naquelas 9 pequenas revistas, um verdadeiro arquivo fotográfico e documental de enorme importância para todo aquele que pesquisa e se interessa pela história de Leopoldina e sua gente. O conteúdo, que basicamente trata do patrimônio da cidade, em nada perdeu a atualidade dos seus temas. Memorialistas, escritores, artistas, fotógrafos, todos locais, produziram matérias que ainda hoje, passadas mais de 3 décadas, ressaltam a importância da educação patrimonial, da conservação e valorização da cultura local, dos seus prédios e monumento, dos seu recursos naturais e do conhecimento da história local.

Ocupando o cargo de Coordenador da Casa de Leitura Lya Botelho, e sempre na pesquisa de temas que possam ser transformados em exposições abertas ao público em geral, não demorei em fazer o convite ao Elias Abrahim Neto para uma mostra do seu acervo fotográfico referente à década de 1980, enriquecendo e complementando uma mostra sobre o Almanack do Arrebol.
Convite feito e aceito, a exposição REMEMORIA 80: LEOPOLDINA NOS ANOS 1980 DO SÉCULO XX, abriu suas portas para o publico no dia 4 de novembro e deve continuar até o dia 20 de dezembro.

Como o público alvo da Casa de Leitura Lya Botelho é o dos estudantes, posso afirmar que as escolas públicas e particulares da cidade trouxeram, somente no primeiro mês de funcionamento da exposição, mais de 2.500 dos seus alunos. Isso é um verdadeiro termômetro do quanto tudo o que se refere à educação patrimonial encontra ressonância na escola. Graças ao apoio incondicional da Secretaria de Educação de Leopoldina, professores, alunos e, naturalmente, o público em geral visitam diariamente a exposição e dela saem ainda mais conscientes dos seus deveres, como cidadãos, na identificação, catalogação, preservação e divulgação do patrimônio cultural, material e imaterial, de Leopoldina.

Alexandre Moreira
Coordenador da Casa de Leitura Lya Botelho


sábado, 29 de novembro de 2014

Novembro, mês de Artes e Cultura

Novembro chega ao fim e deixa um saldo muito positivo para a cena cultural de Leopoldina-MG.
Poucos foram os meses do ano em que o público teve à sua disposição tantos e tão bons eventos, muitos, em especial, motivados pelo centenário da morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos.


No dia 4 foram abertas para o público as exposições REMEMORIA 80, com o acervo fotográfico e documental do leopoldinense Elias Abrahim Neto e LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR, constante de quase 3 dezenas de quadros pintados pelo saudoso artista plástico leopoldinense Luiz Raphael Domingues Rosa.

A partir dessa data, durante todas as semanas, recebemos as escolas públicas e particulares de Leopoldina que aqui vieram com seus alunos em visita. Também o público adulto tem estado prestigiando ambas as mostras e se referindo a elas como importantes marcos no resgate da memória e dos valores da cidade.



A Casa de Leitura Lya Botelho teve o prazer de estar recebendo, no início do mês, a visita dos Srs. Damião Ramos Cavalcanti, Luiz Gonzaga Rodrigues e Itapuan Botto Targino, Presidente, Vice-Presidente e Diretor Administrativo da APL-Academia Paraibana de Letras que aqui estiveram para conhecer a cidade, estabelecer contatos de intercâmbio com a ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes e, naturalmente, participar das celebrações pelo 100 anos da morte do conterrâneo Augusto dos Anjos.


No dia 9, uma nova comitiva, desta vez da cidade de Sapé-PB, berço natal de Augusto dos Anjos, constituída pelo Secretário Executivo de Educação, Prof. Ewerton Santos, e pelo Secretário Adjunto de Cultura daquele município, Sr. Jairo Cézar. Este último convidado para lançar, no dia 10, seu livro infanto-juvenil "Augusto dos Anjos em Quadrinhos" aqui na Casa de Leitura Lya Botelho e realizar, nos dias subsequentes, palestra sobre o projeto PILE para professores da rede municipal de ensino e participar de uma mesa redonda sobre "Quadrinhos e Augusto" promovida pela ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes.




No dia 12 as crianças, jovens e professoras que estavam em visita à Casa de Leitura Lya Botelho foram surpreendidos com um espetáculo extremamente interessante e divertido apresentado pelo
grupo GIRARTE, de Cataguases-MG. Muita música, representação, exercícios, contação de história, capoeira e dança fazem parte desse mix de atividades com o qual o grupo desenvolve suas ações e, naturalmente, cativa e sua audiência. Os alunos da APAE-Leopoldina, presentes à apresentação, nos alegraram com o seu envolvimento e espontânea participação e interação com o s atores-bailarinos.



No dia 14 a Casa de Leitura Lya Botelho foi cenário para o evento "Comunicações Acadêmicas", promovido pela ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes e no domingo, 16 de novembro, foi a vez do Grupo Teatral Seiva de Luz, daqui de Leopoldina, com a direção de Zezé Salles, encenarem a peça "A bruxinha que era boa", um clássico de Maria Clara Machado que trouxe aproximadamente 300 espectadores para assistir a apresentação nos jardins da Casa de Leitura Lya Botelho.


A ALLA e a Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo do município trabalharam muito, e com absoluto sucesso, para que o centenário do desaparecimento do poeta ficasse indelevelmente marcado na memória da cidade como uma das suas mais importantes efemérides. Um calendário de eventos, que teve início a 17 de outubro e só terminou em 14 de novembro, celebraram a vida e a obra de Augusto dos Anjos que aqui viveu seus últimos dias e repousa no cemitério local.

Apresentações musicais, um espetáculo teatral especialmente concebido para a ocasião, declamação de poesias, lançamento de livros ("Cutubas: Clube de Negros, Território de Bambas" de Margareth Cordeiro Franklin,  "Belo como um Abismo" de Elias Fajardo e "Fragmentos da História", trabalho coletivo de alunos do Colégio Imaculada Conceição sob a coordenação da professora Natania Nogueira), debates, apresentações de trabalhos acadêmicos, mesa redonda, visitas ao túmulo de Augusto dos Anjos, visitas guiadas ao Museu Espaço dos Anjos, homenagens diversas e a final do Concurso Nacional de Poesia Augusto dos Anjos, constituíram um cardápio diversificado e de alto nível qualitativo que atraiu um grande público, além de divulgar o evento e a própria cidade.

O IV Festival Arte Cultura promovido anualmente pelo CEFET-Leopoldina foi o encerramento com chave de ouro de um mês altamente produtivo, tanto para quem produz quanto para quem consome Cultura. A cidade vive um dos seus melhores momentos, com diversos espaços se abrindo para eventos e assim colaborando com a necessária formação de uma platéia entre a população local, além de criar uma maior abertura para a apresentação de talentos locais e o sempre interessante intercâmbio de conhecimentos.

Parabéns a todos os envolvidos na organização dos eventos, em especial à direção da ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes, à Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo e à Secretaria de Educação do município, à Prefeitura Municipal de Leopoldina e todas as demais entidades, públicas e privadas, que fizeram com que pudéssemos viver em nossa cidade, uma experiência cultural de excelente nível.







Apresentação, em vídeo, da exposição REMEMORIA 80



Entre os dias 4 de novembro e 20 de dezembro de 2014 a Casa de Leitura Lya Botelho, de Leopoldina-MG, estará apresentando a exposição REMEMORIA 80 que reúne fotos, documentos e objetos da década de 80 do século passado do acervo do leopoldinense ELIAS ABRAHIM NETO.

O presente vídeo foi gravado pelo Sr. Elias como uma forma de apresentação pessoal da exposição ora em curso.

Agradecemos ao Sr. Rodrigo Rodrigues (Focus Fotografia & Vídeo) pela gentileza na realização desse material digital.

A exposição REMEMORIA 80 tem o patrocínio master da ENERGISA e o apoio institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.

Patrocínio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação de Leopoldina, Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

Um pequeno histórico do movimento espírita leopoldinense extraído das páginas do Almanack do Arrebol




Elizabeth Montenari, figura emérita e sempre lembrada do movimento espirita leopoldinense, foi uma das personalidades locais a escrevem para o “Almanack do Arrebol”, revista cultural criada e editada na década de 1980 por Elias Abrahim Neto.

Este artigo, e muitos outros mais, pode ser apreciado na íntegra numa visita à exposição REMEMORIA 80 que apresenta parte do acervo fotográfico e documental do leopoldinense, Elias Abrahim Neto.

A exposição permanece aberta até 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira das 8:00 às 11:30h e das 13:00 às 17:00h. Aos sábados, das 8:00 às 11:30h.

Esta exposição tem o patrocínio da ENERGISA e da Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

Apoio: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria Municipal de Educação e FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.

A boneca quebrada: um conto de Maria José Garcia extraído do Almanack do Arrebol




"A boneca quebrada" é um sensível conto natalino escrito por Zezé Garcia e publicado numa das primeiras edições do Almanack do Arrebol, revista cultural que circulou na década de 80 em Leopoldina e que teve Elias Abrahim Neto como seu criador e editor.

Uma belíssima ilustração (bico de pena ou gravura em água-forte?) do grande artista Paulo Roberto Lisboa enriquece a beleza do texto da professora e doutora Maria José Garcia.

A exposição REMEMORIA 80 que acontece até 20 de dezembro na Casa De Leitura Lya Botelho, em Leopoldina-MG, permite que o visitante conheça essa publicação cultural que é um marco dentro das letras & artes da região da Zona da Mata mineira.

A exposição está aberta de segunda à sexta, das 8:00 às 11:30h e das 13:00 às 17:00h. Aos sábados, das 8:00 às 11:30h.

Patrocínio: ENERGISA

Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação de Leopoldina e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

Apoio Institucional: FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho

Festas populares: a cidade em celebração, na obra de Luiz Raphael Domingues Rosa


A Igreja do Rosário reina absoluta, envolta pelo brilho de uma lua em seu quarto minguante e pelos sons, perfumes e movimentos da festa que acontece na pracinha.

A corrida de coelhinhos, o chocolate quente, a maçã do amor, o bingo, os risos, a conversa das comadres, a correria dos “anjinhos” depois da coroação da santa, a paquera, a fofoca, o namorico que surge, a roupa especial de ir à missa, um finzinho de perfume de incenso escapando da porta da igreja, a vizinhança observando a festa que acontece, nada escapava aos olhos e memória do artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa.

O controle absoluto do pincel ao reproduzir a igreja e a liberdade alegre em retratar a festa, tudo reunido numa única tela, num único quadro. Domínio da técnica em função da emoção, o maior atributo dos grandes artistas, e Luiz Raphael era pródigo nisso. Esses festejos do mês de maio quando aconteciam a coroação da Virgem por uma revoada de anjinhos, foram capturados pelo saudoso artista em seus menores detalhes, com a precisão de quem conta uma história. Olhar esse quadro é como assistirmos a um filme, onde cada cena, cada movimento, cada personagem soma para compor uma história. E, em sendo o artista o saudoso Luiz Raphael Domingues Rosa, a história será da sua Leopoldina, terra amada que ele morreu retratando.

Quadro: “Igreja do Rosário” (2001) / Acervo Marlene Meireles

Este óleo sobre tela faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

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A casa dos avós: memória e emoção na pintura de Luiz Raphael Domingues Rosa


A casa dos avós: tantas vezes perpetuada nas delicadas e precisas pinceladas sobre a tela branca. O começo de tudo. O lugar do nascimento. A família. A origem.

A construção austera e bela da Rua Barão de Cotegipe, no centro da cidade, de onde se podia apreciar das sacadas o desenvolvimento trazido pelo trem, os caixeiros-viajantes e visitantes chegando aos hotéis e pensões, a casa bancária logo em frente recebendo seus clientes. A loja, no pavimento térreo, aberta para o movimento da rua, a atrair compradores com suas mercadorias cuidadosamente dispostas nas prateleiras. A vida acontecendo no ritmo do dia a dia.

Essa memória idílica da residência-loja dos avós foi algumas vezes retratada por Luiz Raphael Domingues Rosa, talvez premonitoriamente para que hoje pudéssemos comparar o passado ao presente, pudéssemos avaliar em como tratamos as construções históricas e as de arquitetura distinta da nossa cidade.

Dificilmente hoje, o passante desinformado reconhecerá na decadência do imóvel a antiga beleza das formas coloniais remanescentes do barroco rural, da importância do comércio na construção da própria cidade e dos símbolos das famílias que aqui, então, iam construindo sua descendência. Hoje, escondida entre outras edificações de gosto duvidoso, a casa da família do patriarca Raphael Domingues agoniza por falta de cuidados, de atenção, de respeito pelo valor histórico e patrimônio que representa.

Quadro: “Casa Comercial Raphael Domingues” (1973) / Acervo: Angela Domingues Rosa

Este óleo sobre tela faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

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Domingo de Carnaval: o Tempo e a Memória na obra de Luiz Raphael Domingues Rosa


Domingo de Carnaval. O centro da cidade é palco de um corso de carros carregados de piratas, odaliscas, colombinas. Na estação foliões brincam na plataforma, não se importando com chegadas ou partidas. O que vale é a diversão.

O cruzamento da Barão de Cotegipe com os trilhos da estrada de ferro é onde se exibem no convés de sua embandeirada nau os divertidos piratas-da-perna-de-pau-do-olho-de-vidro-da-cara-de-mau. Logo ali, um carro transformado numa estrelada tenda onde diáfanas odaliscas se esquecem do silêncio do deserto e, vindo em sentido contrário, pierrôs e colombinas saúdam Momo, que reina sobre os festejos.

Caminha pela rua um gigante nada ameaçador a brincar com os foliões enquanto a dupla de marinheiros, que provavelmente nunca tenha chegado até o mar, caminha em direção à folia que acontece em terra firme. Na graciosa casa da esquina, que um dia sucumbirá ao tal do progresso, a sedutora espanhola encanta, com sua beleza e figurino, um entusiasmado arlequim que por ela esqueceu-se da Colombina.

Uma das mais lúdicas e sensíveis obras criadas por Luiz Raphael Domingues Rosa , “Domingo” é um quadro para ser apreciado com poesia no olhar. O convite para tomarmos parte nessa encantadora festa pagã se faz na perspectiva de linhas acentuadas, no símbolismo dos trilhos que nos indicam o caminho da diversão, no colorido dos figurinos cuidadosamente detalhados, na luz quente que permeia a atmosfera da festa, na pequena máscara negra, em primeiríssimo plano, esquecida nas pedras do chão.

Carnavais já foram assim, feitos de imaginação, sonho, fantasia e inocência. Os domingos também, quando se ia ao cinema, passeava-se pela praça, trocavam-se olhares e sorrisos, bilhetinhos românticos eram passados às escondidas e ainda permitíamo-nos encontrar e desfrutar alegrias nas coisas mais simples.

Visionário e intuitivo, como o são os artistas, Luiz Raphael conservou esse momento de festa na sua Leopoldina em tinta e tela para que hoje pudéssemos conhecer, ou recordar, o que o Tempo insiste em apagar.

Quadro: “Domingo” (1994) / Acervo: Dr. Ormeo Lopes Faria Filho

Este quadro faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

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Uma loja na Cotegipe: o cotidiano da cidade na obra de Luiz Raphael Domingues Rosa


A loja na esquina das R. Barão de Cotegipe e Travessa Pedro II também foi motivo de inspiração para o artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa e encontra-se hoje entre os quadros originais desse leopoldinense em exibição na mostra LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR, que acontece até 20 de dezembro na Casa De Leitura Lya Botelho, em Leopoldina-MG.

Todo assunto em que pudesse, através do seu talento com tintas e pincéis, registrar sua cidade, interessava a Luiz Raphael. Não havia nada pequeno ou corriqueiro demais que escapasse aos seus olhos treinados de artista, pois a beleza e a importância do registro encontra-se em toda parte.

A loja aberta para receber seus clientes, onde se vê a mercadoria à venda sendo cuidada pela proprietária e as estudantes que passam pela calçada, indo ou vindo da escola na luminosidade do dia, é um fragmento do cotidiano da cidade. Luiz Raphael Domingues Rosa sabe que momentos como esse, imagens como essa, irão um dia desaparecer, se transformar com o passar do tempo e as mudanças naturais de hábitos das pessoas e da própria paisagem urbana e, por isso mesmo, os registra com aguda sensibilidade.

Quadro: "Casa Abrahão" (1975) Acervo: Cândida Maria Cortes Botelho

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A 1ª sorveteria de Leopoldina-MG


Na Praça Botelho Reis (Pracinha do Ginásio) a casa de esquina onde hoje funciona uma papelaria foi a primeira sorveteria de Leopoldina. Nicolau Sabino, pai de Brígida e Angela, fabricava e vendia sorvetes neste local.

Este quadro a óleo, pintado em 1980 pelo artista plástico leopoldinense Luiz Raphael Domingues Rosa, recupera a arquitetura original da casa e o aspecto da paisagem ao seu redor, num resgate da memória local.

Este, e outros quadros do artista, fazem parte da exposição "LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR" que a Casa De Leitura Lya Botelho exibe de 3 de novembro a 20 de dezembro graças ao empréstimo das obras originais pelos seus proprietários e ao patrocínio da ENERGISA e apoio da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho

Quadro pertencente ao acervo de Arlene Carvalho.

Ponte sobre o Feijão Cru


A exuberância da vegetação que margeava o Córrego do Feijão Crú foi motivo para o artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa criar uma pequena obra de arte.

A ponte (atualmente substituída por uma sem nenhuma preocupação estética) da Rua da Floresta sobre o Feijão Crú, onde há muitas décadas as mães e babás dela se utilizavam para levar as crianças para brincarem à margem do córrego (ainda não poluído) continuará a existir para sempre, pelo menos nesse quadro que pertence ao acervo de Cândida Maria Cortes Botelho e faz parte da mostra LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR, que acontece na Casa De Leitura Lya Botelho até 20 de dezembro.

A exposição tem o patrocínio da ENERGISA e o apoio da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.

Construções, trânsito e comércio na pintura de Luiz Raphael Domingues Rosa



A paisagem urbana se transforma, inexoravelmente. Entretanto ela sobrevive em nossa memória, seja pela lembrança de um fato ocorrido, ou por uma ocasião festiva, ou mesmo por situações corriqueiras, do dia a dia, como realizar uma compra.

A "Casa Henrique Fellipe", na esquina da R. Barão de Cotegipe com a R. Tiradentes, aqui em Leopoldina-MG, não mais existe, substituída que foi por um shopping center, mas certamente continua viva na lembrança de todos que lá iam para fazer suas compras entre centenas de itens diversificados. Um verdadeiro "magazine", como nos referíamos, de forma afrancesada, às lojas hoje chamadas de "departamentos".

Luiz Raphael Domingues Rosa soube como ninguém nesta cidade capturar em tintas e pincéis essas mudanças que a cidade ia vivendo. Registrou a "Casa Henrique Fellipe" no auge de suas amplas vitrinas e prateleiras repletas de artigos de consumo que encantavam os transeuntes, sempre dispostos a apreciá-los.

Na esquina oposta, ainda praticamente "no original" graças ao seu atual proprietário, a "Ducal", outro símbolo do comércio local daquela época.

Este quadro pode ser apreciado, graças a gentileza do empréstimo feito por seu proprietário, visitando a exposição "LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR", que acontece na Casa De Leitura Lya Botelho e segue até o dia 20 de dezembro.

Quadro: "Casa Fellipe" / Acervo: Jesus Paixão Monteiro.

A árvore da forca


Uma árvore retorcida em seus muitos anos, no alto da colina, contra o céu de um azul claro e sem nuvens. Uma trilha no mato, feita por muitos pés, a nos dizer que há mais o que ver e onde chegar lá no alto e que a velha árvore ali está, há muito, vigilante, atenta a quem por ela passa ou à sua sombra descansa.

A mítica “árvore da forca”, onde escravos e criminosos teriam sido enforcados ou o local da primeira missa rezada no dia de natal de 1831, no lugar onde hoje Pirineus? Com certeza, para o pesquisador, para o historiador ou memorialista o esclarecimento desses possíveis dados importa, e muito, na construção da história de Leopoldina-MG. 

Mas aqui estamos falando de Arte, mais especificamente de pintura, daquela poesia que é construída no ballet que o pincel do artista executa sobre a tela. Histórias contadas pelos mais velhos, mitologias locais, tudo concorre para criar uma mística no objeto em questão e é isso que o artista procura transmitir ao retratá-lo.

Não havia, para o leopoldinense Luiz Raphael Domingues Rosa, um tema ou assunto “menor” ou algo que não merecesse sua consideração, seu olhar, seu talento. Nada era “pequeno” demais, comum demais, simplório demais. Ao contrário, tudo adquiria valor através da perspectiva do seu olhar de criador. A velha e contorcida árvore no alto dos Pirineus não seria exceção.

Entre os diversos trabalhos que integram a mostra LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que acontece até 20 de dezembro na Casa de Leitura Lya Botelho, em Leopoldina-MG, está esse pequeno, mas poderoso, quadro. Mais um aspecto da cidade amada retratado pelo multitalentoso Phael.

Quadro: “Árvore da Forca” (1986) / Acervo: Cândida Maria Cortes Botelho

Obs: Capa do jornal "Via Popular", editado em Leopoldina, de maio de 1999 onde, com o título de "Daqui pra frente... um mergulho no futuro" publicou-se uma reportagem sobre os 145 de Leopoldina destacando a inauguração do Espaço Cultural nos Correios, onde Luiz Raphael Domingues Rosa inaugurava, então, uma exposição de suas obras denominada "O Tempo". Na montagem da foto, detalhe da capa do jornal e uma foto colorida do mesmo quadro, que atualmente está exposto na Casa de Leitura Lya Botelho e faz parte da mostra que homenageia esse importante nome da Cultura da nossa cidade.

Esta exposição acontece até o dia 20 de dezembro de 2014 graças ao patrocínio da ENERGISA e ao Apoio da Prefeitura Municipal de Leopoldina, das Secretarias de Educação e de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo do município. 

Agradecemos, também, o constante apoio recebido da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho e estendemos esses agradecimentos a cada um dos colecionadores que generosamente cederam as obras que possuem do artista Luiz Raphael Domingues Rosa para que fizessem parte dessa exposição.

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O Espaço dos Anjos: atelier-museu criado por Luiz Raphael Domingues Rosa


A casinha na Barão de Cotegipe, quase escondida pela folhagem do oiti que lhe faz companhia, debruça-se sobre a calçada, atenta ao movimento da cidade. O transeunte, distraído, em 5 ou 6 passos cruza por ela, absorto em seus pensamentos e alheio à sua graça brejeira e aos tesouros que abriga.

Na cidade que vai aos poucos se transformando, onde as antigas construções vão sendo impiedosamente substituídas pelo que a moda do momento dita como "novo", a casinha azul desafia o tempo. Espaço sagrado onde a História é cultuada, guarda tesouros que resistirão muito mais à inclemência dos séculos que as construções pseudo-modernas que teimam (inutilmente) desafiá-la.

A casinha discreta na rua de pomposo nome já ouviu os passos e a voz do poeta maior Augusto dos Anjos. Viu-o à mesa com a esposa e filhos, permitiu que a luz entrasse para iluminar o papel onde escrevia seus versos, protegeu-o como a um filho querido quando o mesmo agonizava.

Como se fora sua sina, eis que tempos depois recebeu, portas e janelas abertas, novo artista, para, novamente, servir-lhe de inspiração, abrigar-lhe os sonhos, tornar-se cenário para sua arte.

Este, também, um dia partiu e não mais voltou, mas a casa, saudosa, transformou-se, cresceu em reconhecimento, ampliou sua importância, assumiu, finalmente, seu papel e também escolheu manter viva a memória dos que um dia a escolheram para nela viverem.

O quadro que hoje, pendurado numa das paredes daCasa De Leitura Lya Botelho, faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR, e revela, na simplicidade da sua composição, na escolha cromática, nos pequenos, mas importantíssimos, detalhes que muitas vezes demandam que os observemos por mais tempo, o carinho do artista plástico, professor, colecionador e agitador cultural leopoldinenses, Luiz Raphael Domingues Rosa, para com a sua casa-atelier-museu Espaço dos Anjos. Nele, realmente, morou a família dos Anjos: Augusto, Ester, Glória e Guilherme. Mas se anjos servem como mensageiros entre o Divino e o humano, a casa cumpriu, e cumpre sua função por ter sido e ainda ser aquele espaço sagrado onde as Artes se manifestam e realizam. Um espaço construído com suor e lágrimas, mas com fé e esperança por Luiz Raphael.

Agradecemos a todos os colecionadores que tão gentilmente cederam seus quadros para a exposição
Esta exposição tem o patrocínio da ENERGISA e o Apoio Cultural da Prefeitura Municipal de Leopoldina e das Secretarias de Educação e de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo do município.
Apoio: FOJB- Fundação Ormeo Junqueira Mônica Pérez Botelho

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O Morro do Cruzeiro (Serra dos Puris)


O Morro do Cruzeiro ergue-se na paisagem abraçando Leopoldina.

Dele avista-se a cidade e o horizonte de colinas, morros, vales, verdes pastagens e outros lugares onde os olhos não alcançam.

Dele lançam-se ousados homens-pássaros, Ícaros modernos a singrarem os céus, voando entre as nuvens. Nele nos norteamos, encontramos o silêncio, recuperamos a paz interior e a ele vamos para saudar o sol, em suas sempre magníficas aparições no horizonte.

Impávido e majestoso, é como Luiz Raphael Domingues Rosa o retratou, em óleo sobre tela, expressando sua admiração e, com pinceladas precisas e breves, a sua beleza.

Quadro: "Morro do Cruzeiro" (2002) / Acervo: Angela Domingues Rosa

Este quadro, graças ao gentil empréstimo de sua proprietária, faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR, que acontece até o dia 20 de dezembro na Casa De Leitura Lya Botelho, em Leopoldina.

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Da janela dos fundos: Luiz Raphael Domingues Rosa e o Espaço dos Anjos


A janela do atelier abria-se para o quintal onde a mangueira dava sombra nas tardes quentes de Leopoldina. A simplicidade, um ascetismo quase religioso, a lide do dia a dia ficam representadas pelas presenças das vassouras encostadas à parede, do encanamento aparente, do fio de luz descendo do teto e contornando a janela, o branco que inunda paredes e céu como se quisesse servir de tela para o artista.

Luiz Raphael, por longos anos, manteve a casa da Rua Barão de Cotegipe 386 como seu atelier, seu museu particular, seu laboratório de ideias, seu espaço dos anjos. Local de peregrinação obrigatória para todo aquele desejoso em conhecer melhor a história da cidade e do seu povo e, sobretudo, entrar no universo do poeta Augusto dos Anjos, lá era o lugar para se ir e estar. Alunos, pesquisadores, artistas, amigos, todos encontravam no Espaço dos Anjos, a antiga moradia da família do paraibano Augusto dos Anjos, um local de culto à memória do mesmo e de contato com a história e a produção artística da cidade.

Da janela que se debruçava sobre o quintal, de onde o artista ouvia o canto dos pássaros e apreciava a luz do sol refletida na brancura dos muros e paredes, vê-se hoje o anfiteatro que leva seu nome. Vê passar por aquele pequeno palco músicos, declamadores, poetas, escritores, cantores, bailarinos, professores, autoridades, todos usufruindo da casa que Luiz Raphael Domingues Rosa lutou sozinho por manter para que toda a cidade pudesse dela desfrutar.

A pequena sala-atelier continua lá, sem o cheiro das tintas, agora é a biblioteca técnica do Museu Espaço dos Anjos, onde estudiosos do mundo inteiro vêm conhecer e aprender mais sobre o poeta Augusto dos Anjos. Talvez os visitantes parem para olhar pela janela com alguma curiosidade, sem provavelmente saberem que ali estão porque houve um dia um artista leopoldinense que dedicou sua vida e sua arte para fazer com que essa janela ficasse para sempre nesse mesmo lugar.

Quadro: “Contente” (1985) / Acervo Elias Fajardo da Fonseca

Esse quadro integra a exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

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Um casarão em Piacatúba: a preservação da memória patrimonial na obra de Luiz Raphael Domingues Rosa


O “Casarão” domina a composição, com suas formas geométricas, com sua solidez, com suas formas atemporais, janelas e portas aos pares se abrindo para a Rua das Pedras, em Piacatúba.

Parte da memória que todos têm desse distrito de Leopoldina inclui essa senhorial casa construída na parte central da cidade, ao lado da praça, próximo à igreja. Impossível ir-se a Piacatúba e não vê-lo, não admirar suas formas retilíneas, seu desenho simples e austero, quase monástico.

Ao pintá-lo, Luiz Raphael Domingues Rosa o fez à maneira dos grandes retratistas e, como se fora um personagem de grande importância, centralizou-o na tela, manipulou a perspectiva para destaca-lo dos demais elementos e coloriu-o em tons delicados e atraentes. Sobre a tela de algodão reina hoje o Casarão de Piacatúba, impávido, distinto, lembrança em tijolo, pedra e cal das riquezas amealhadas nestas terras.

A historiadora e pesquisadora Nilza Cantoni, proprietária deste quadro, assim comenta sobre o mesmo:

“JFM é a inicial de um dos Josés Furtado de Mendonça que viveram em Piacatuba e teria construído o casarão em 1868. A outra data, 1975, seria de uma reforma. Mas eu só posso dizer que o primeiro proprietário - e provável construtor - foi um José Furtando de Mendonça que o vendeu em 30 de setembro de 1872, conforme Cartório de Notas de Piacatuba - 1871-1872, fls 51. Por incrível que pareça eu não tenho indicação do comprador.
Este personagem era, provavelmente, filho de Vital Antonio de Mendonça e Rita Maria do Carmo.
Este José que estou mencionando era irmão de uma das esposas de Antônio Maurício Barbosa, que cedeu o terreno para a construção da Usina Maurício. Foi batizado no Rio Pardo em 4 janeiro de 1841.”


Assim, Luiz Raphael Domingues Rosa perpetuou mais um fragmento da história destas terras, registrando com arte e conhecimento um dos elementos que constituem o patrimônio cultural de Leopoldina.

Quadro: Casarão em Piacatúba (circa 2001) / Acervo: Nilza Cantoni

Este óleo sobre tela faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

A antiga estação ferroviária (I) : Leopoldina por Luiz Raphael Domingues Rosa



O silêncio da noite é quebrado pela água que escorre do bar Lamarca que, na madrugada, é lavado. Cruzando a Barão de Cotegipe, um cão sem dono, desses que palmilham a cidade toda em busca de comida e, quem sabe?, algum afeto.

No céu de intenso azul, a lua paira majestosa, observando a cidade que dorme. Nenhum outro movimento, nem mesmo no pátio ou no prédio da estação ferroviária, cujos trilhos cortam a cidade silenciosa. 

Leopoldina, feita de luar e de silêncio na tela pintada por Luiz Raphael Domingues Rosa, é de uma gritante beleza e nos convida a andar pelo calçamento de pedras das suas ruas e a viajar nos trilhos da estrada de ferro somente para poder voltar.

Há que se olhar com reverência para essa cidade que, adormecida, banha-se à luz de tão intenso luar. Sua beleza, que se revela timidamente, na ondulante paisagem que a cerca, em suas ruas estreitas, no verde de suas praças, em suas casas debruçadas sobre as calçadas, no burburinho do dia a dia, no silêncio das suas noites.

Quem mais, a não ser Luiz Raphael Domingues Rosa, seu amantíssimo filho, poderia traduzi-la tão maternal, tão acolhedora, tão vigilante, tão presente enquanto seus muitos filhos dormem?

Quadro: "Terça" (1994) / Acervo: Dr. Ormeo Lopes Faria Filho

A exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR permanece aberta na Casa De Leitura Lya Botelho, em Leopoldina, até 20 de dezembro graças ao patrocínio da ENERGISA e ao Apoio da FOJB-Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, da Prefeitura Municipal de Leopoldina e das Secretarias de Educação e de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo do município.

"Como um leite tão branco dá uma fumaça tão negra?"



“Como um leite tão branco dá uma fumaça tão negra?”

Ao grafar isso sobre a tela recém-pintada, o artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa externava, além do comentário poético, a sua preocupação com a poluição, os efeitos nocivos da mesma, enfatizando isso em pinceladas que revelam a escura coluna de fumaça que parece avançar ameaçadoramente sobre o Morro da Chácara do Desengano, reserva natural da sua tão amada Leopoldina.

A Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina já ocupava lugar de destaque na área central da cidade, evidenciando assim a importância socioeconômica da pecuária leiteira no município. Ao lado da Praça João XXIII, em frente à Praça Félix Martins, a Leiteria da Cooperativa reinava absoluta em meio à movimentação da cidade, vizinha do Cine Brasil, a poucos passos da rodoviária, a curta distância dos bancos e do comércio popular.


Hoje, seguindo, provavelmente, uma necessidade da logística do próprio funcionamento, todo o espaço de recepção, coleta, armazenagem e processamento da antiga construção cedeu espaço para um shopping de comércio variado. Não mais se veem caminhões trazendo o leite, nem a chaminé expelindo sua fumaça. Os tempos são outros.

Luiz Raphael, intuitivo e premonitório como são os artistas mais privilegiados, registrou-a com tintas e pincéis para que num futuro (hoje, por exemplo) pudéssemos ter um registo da sua significativa presença, como construção e como atividade econômica, no desenvolvimento de Leopoldina.

Quadro: “Praça João XIII, fundos C.P.L.” (1978) / Acervo: Cândida Maria Cortes Botelho

Este óleo sobre tela faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

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O último quadro: a obra inacabada de Luiz Raphael Domingues Rosa




A casa do avô é um fantasma cujas formas se dissolvem na brancura do cânhamo da tela. A parede lateral revela a mercadoria da loja no nível da rua e se avizinha das casas na subida do morro, estas sim, definidas pela destreza do pincel do artista.

A vegetação exuberante da colina não chega a ocultar a presença imponente do prédio do hospital. Do alto, parece olhar, entre as árvores, o saudável movimento da cidade logo ali, mais abaixo.

Mas é a fachada, para sempre inacabada, que capta o olhar do observador que busca adivinhar o que haveria por detrás das portas-janelas rigorosamente desenhadas em arcos. Pessoas? Cortinas? Um pedaço de uma sala? Alguma mobília antiga?


A metade inferior da tela tem os precisos traços feitos pela mão do artista em sua busca para recriar um espaço público há muito não mais existente. Estaria desenhando de memória? Reproduziria o que lhe contaram que havia em frente à casa dos avós? Decidira criar uma nova paisagem urbana que se adequasse aos seus sentimentos em relação àquela casa, àquela rua, à sua Leopoldina?

Nunca mais saberemos.

Luiz Raphael Domingues Neto deixou-nos antes de concluir essa obra, mas a força imagética da mesma reside nesse mesmo fato: cada um vê e a completa à sua maneira. O artista e o espectador se unem para criar uma experiência artística única, onde a memória, as experiências, o conhecimento e, sobretudo, a emoção, completam com pinceladas invisíveis o projeto inacabado.

Homem de espírito renascentista, artista sensível e dedicado à causa do registro iconográfico da sua cidade, Luiz Raphael nasceu nesse mesmo sobrado, que tantas vezes pintou. Ali, no andar superior, onde seus avós moravam, pela primeira vez o ar da sua amada Leopoldina adentrou seus pulmões. Naquela casa começava a ser tecido pelas Moiras, a vida e o destino do artista. E, pasmem, foi pintando o lugar do seu primeiro momento nesta terra, que o artista expirou.
Ciclo completo para o artista, restou-nos uma tela inacabada para admirar.

Acervo: Angela Domingues Rosa (2007)

Este quadro faz parte da exposição “LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR”, que continua até o dia 20 de dezembro na Casa de Leitura Lya Botelho, em Leopoldina-MG, e é patrocinada pela ENERGISA, tendo o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

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