Hoje é dia de S. Sebastião, santo padroeiro de Leopoldina. No sincretismo religioso estabelecido em nosso país, sua figura confunde-se com Oxóssi, entidade dos cultos africanos, talvez pela presença comum de flechas, na representação pictórica de ambos. Feriado municipal, céu impecavelmente azul, o calor na marca dos 30 e tantos graus, e um clima ainda meio de férias, de começo de ano.
O povoado surgido às margens de um córrego apelidado de "Feijão Crú", provavelmente devido a um incidente acontecido com o cozinheiro de uma das tropas que por aqui passavam, acabou por desenvolver-se no entorno de uma capela erigida em honra a São Sebastião, escolhido pelas primeiras famílias cristãs que por aqui se instalaram e a cuja figura atribuíam proteção contra a fome, a peste e as guerras. Desmembrado de Mar de Espanha e elevado à categoria de vila, em 27 de abril de 1854, com a denominação de São Sebastião do Feijão Cru, instalou-se como município aos 20 de janeiro de 1855, dia dedicado, no calendário católico, a S. Sebastião.
Sebastião era de Narbona, terra de sua mãe, ou de Milão segundo outros que acreditam ele ter nascido na mesma cidade que seu pai. Tendo sido educado em Milão e filho de uma família de nobres e militares, viveu quase toda a sua vida adulta em Roma chegando mesmo a ocupar o cargo de Capitão da guarda pretoriana, sendo muito respeitado por todos e estimado pelo Imperador Diocleciano que desconhecia o fato dele ser cristão, apesar de exercer seu apostolado entre seus companheiros.Também visitava e confortava os cristãos presos por causa de Cristo.
Evidentemente esta situação não poderia durar muito, e acabou sendo denunciado ao imperador que exigiu que ele optasse entre ser seu soldado ou seguir a Jesus Cristo. Sebastião escolheu a Cristo, o que enfureceu sobremaneira ao Imperador que o condenou à morte. Os soldados de Diocleciano prontamente executaram sua ordem, amarrando Sebastião a uma árvore e crivando-o com setas. Acreditando-o morto e a sentença imperial plenamente executada, retiraram-se, mas seus amigos, ao aproximarem-se de seu corpo para sepultá-lo, perceberam que ele ainda estava vivo. Levado à casa de uma cristã de nome Irene, lá restabeleceu-se.
Apesar de seus amigos o aconselharem a se ausentar de Roma, Sebastião se negou completamente, pois seu coração ardoroso do amor de Cristo impedia que ele não continuasse anunciando a seu Senhor. Corajosamente apresentou-se perante o Imperador, desconcertado porque o dava por morto, e o repreendeu com veemência pela sua sanguinolenta caça aos cristãos. Diocleciano, enfurecido, fez com que desta vez não houvessem erros e mandou que Sebastião fosse açoitado até a morte e seus despojos jogados num local lamacento, insalubre e ermo de Roma . Seus companheiros cristãos o recolheram e Lucinda, uma outra romana a quem o santo havia aparecido em sonho solicitando que o sepultassem nas catacumbas, cuidou de que o enterrassem na Via Apia, ao lado dos apóstolos.
O culto a São Sebastião é muito antigo; é invocado contra a peste, a fome, a guerra e contra os inimigos da religião. Muito venerado pelos nossos colonizadores, os portugueses sempre tiveram por ele grande devoção. Devoção essa que foi reforçada pelo fato do rei D. Sebastião, cujo nascimento evitou a união entre as coroas portuguesa e espanhola, ter nascido no dia 20 de janeiro, dia em que S. Sebastião é celebrado.