— O que faz nas horas de folga, Montag?— Muita coisa... corto a grama...
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro.
"Fahrenheit 451" se passa em um futuro não muito distante (Séc. 24), onde uma sociedade totalitária é controlada por um governo ou organização chamado de a “Família”. As pessoas que vivem nessa sociedade são educadas a desempenharem determinadas funções sociais, sem se questionar muito sobre o que estão de fato realizando. O sucesso deste estado de catatônica obediência e utópica paz social deve-se, especialmente, aos cuidados tomados com a educação do povo. Ainda que isso não seja mostrado, subentende-se que nas escolas, as crianças aprendem a não-ler e que os livros são objetos considerados altamente perigosos, imputáveis de criminalidade e precisam ser queimados.
Somos, então, apresentados ao dócil Montag (Oskar Werner), um bombeiro que, ainda que o seu status profissional assim o sugira, não tem a tarefa de apagar incêndios (uma vez que as casas são todas a prova de fogo, ou ao menos é isso que a “Famíla” diz). Os bombeiros dessa futurística sociedade são responsáveis por atear fogo nos livros, e perseguir, prender e executar as pessoas que os possuirem ou, mesmo, lerem.
Montag segue vivendo sua metódica e passiva vida, sentindo-se integrado e normal, sem nada questionar, ainda que lhe aborreça ver sua jovem esposa sempre em frente à tela da TV, num estado que lembra a completa alienação com a vida real.
Tudo vai bem, aparentemente, até quando o bombeiro conhece uma jovem (que pertence a um grupo de resistência ao governo) que acaba por induzi-lo a ler um dos livros que deveria queimar e, aí então, ele acaba entendendo o porque da proibição à leitura: o homem que lê aprende a pensar por si próprio, a tirar suas próprias conclusões, a adquirir conhecimento e formar uma consciência ética.
Se bem repararmos, vivemos no presente esse "fictício" e não muito distante futuro, cada vez que identificamos como totalitária qualquer sociedade que nos induz ao consumo, prega a ideologia do capital, impõe uma maneira única de pensar e comportar.
Algumas curiosidades sobre o filme:
O título "Fahrenheit 451" é uma referência à temperatura em que os livros são queimados. Convertido para Celsius, esta temperatura equivale a 233 graus.
"Fahrenheit 451" é o único filme em inglês, e o primeiro colorido, dirigido por François Truffaut.
Todos os créditos, desde o nome do diretor, roteiristas, elenco, produtores, música, fotografia e até mesmo o nome do filme, são narrados em off, no início do mesmo, não aparecendo nada escrito na tela. Apenas no final, surge o tradicional "The End" e o nome do estúdio que produziu.
Entre os livros queimados pelos bombeiros está a revista Cahiers du Cinema, para a qual o próprio diretor François Truffaut escrevia na época.
Após o término da montagem de "Fahrenheit 451", o diretor François Truffaut declarou ter-se decepcionado com a versão original do filme, pois não gostou de alguns diálogos em inglês. Truffaut declarou ainda que preferia a versão dublada em francês do filme, cuja tradução foi, inclusive, supervisionada por ele.
Serviço:
Quando: dia 18 de abril, quarta-feira, às 19:30h
Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 - Centro / Leopoldina-MG)
Entrada franca.
Censura: 14 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário