sexta-feira, 5 de abril de 2013

Grupo de Cinéfilos da Casa de Leitura Lya Botelho: uma experiência bem sucedida



     A Casa de Leitura Lya Botelho, em Leopoldina-MG, que desde a sua criação investiu na formação de leitores, continua nessa meta buscando ampliar o conceito de "leitura".
     O conhecimento, hoje, não é mais só transmitido oralmente, ou por livros impressos, mas nos chega através de uma grande variedade de meios e possibilidades. Assim como a TV não substituiu inteiramente a presença e alcance do rádio, nem o cinema extinguiu com o teatro e o circo, o livro, tal qual o conhecemos, certamente continuará existindo, até mesmo porque sabemos, por experiência histórica, que ele pode conservar suas qualidades originais por mais de 500 anos, enquanto que não temos a mesma certeza a respeito das novas formas de armazenamento à disposição na atualidade.
     Os conteúdos é que vão se adaptando aos novos suportes, aos novos equipamentos, aos novos tipos e velocidades de acesso. Se antes só podíamos assistir a um filme dentro de uma sala de cinema, hoje podemos "baixá-lo", armazená-lo e assistí-lo, quando, onde e como melhor nos aprouver, em nossos smartphones, tablets, iPods, TVs interativas, consoles de jogos, etc.
     Os conteúdos se democratizaram, tornando-se de acesso comum, cuja difusão contribui com o conhecimento de muitos. O vídeo que está no topo desta postagem é um exemplo disso. Há 15 anos, se estivéssemos interessados em divulgar um evento através da imagem em movimento, era necessário um investimento financeiro substancioso, equipamentos caríssimos, uma equipe de profissionais qualificada, muitas vezes rara nos pequenos centros, um produtor e um distribuidor que avaliariam, dentro dos seus preceitos e interesses, a importância do evento e de se investir em sua divulgação, etc.
    Hoje bastou-me, para disponibilizar esse conteúdo (o assunto do vídeo em questão) dentro da "teia" através das, assim chamadas, redes sociais (Facebook, YouTube, Twitter, Tumbler, Pintrest, Vimeo, UStream, etc) um computador e alguns cliques no mouse. Com um toque, foi possível divulgar, num primeiro momento, para centenas de pessoas, e com o passar do tempo e o efeito multiplicador dos compartilhamentos, atingir milhares ou milhões de pessoas no mundo todo. Ou seja, o "IV FÓRUM DAS CULTURAS POPULARES DA ZONA DA MATA", encontro organizado por Oswaldo Giovanninni Jr em Leopoldina-MG (e esse é só um exemplo) está, neste momento, tendo seu registro divulgado e disponibilizado para um contingente de pessoas muitas e muitas vezes maior do que as que poderiam comparecer a ele, fisicamente. Essas pessoas que estão em algum lugar do país e do mundo assistindo a esse vídeo são também considerados leitores, pois estão decodificando a linguagem das imagens e sons gravados numa forma de "leitura" que resulta na aquisição de conhecimento (informação) e cultura (aprendizado). Assistindo a esse pequeno documentário, elas poderão aprender (caso ainda não saibam) que existem pessoas, numa cidade no interior de Minas Gerais, no Brasil, que busca preservar a cultura popular da região, reconhecendo-a como patrimônio imaterial, e que sentem a necessidade de melhor se organizarem unindo forças para poderem dar continuidade a esse trabalho de preservação da memória, dos costumes e da história da sua gente.
     A Casa de Leitura Lya Botelho, criada para ser uma biblioteca infanto-juvenil, em pouco mais de 3 anos de existência, direciona sua tragetória na busca dessas novas alternativas para a formação de leitores para os novos tempos. Acompanhar a evolução tecnológica que vivemos, testar e aprender com os novos recursos que o mercado disponibiliza, saber determinar o melhor uso desses artefatos e colaborar na criação de conteúdos para as novas mídias, tudo isso, e mais, tem sido o nosso trabalho.
     O grupo de Cinéfilos nasceu de forma espontânea a partir do interesse de um grupo de jovens universitários que frequenta as sessões de vídeo que a Casa de Leitura Lya Botelho promove (formação de platéia), às quintas-feiras. Despertado o interesse pelo assunto (Cinema, no caso), foi-lhes disponibilizado local e horário de uso, além de recursos técnicos e uma biblioteca especializada, onde pudessem dar prosseguimento aos seus estudos, discutindo idéias, refletindo sobre conceitos, assistindo e desconstruindo  obras de diretores "cabeça", compreendendo a importância de cada elemento constituinte dos filmes e, sobretudo, preparando-se para começar a produzir seus próprios conteúdos, dentro do seu âmbito de interesse.
     Esse grupo de leopoldinenses apaixonados pelo Cinema aproveitou, então, a realização do IV FÓRUM DAS CULTURAS POPULARES DA ZONA DA MATA, no final de março, para darem seus primeiros passos como produtores e realizadores.
     Ruth Gonçalves, Isabella Fidelis, Dalila Carvalho e Kelvin Carvalho venceram a natural timidez e foram à luta, munidos de tablets, telefones celulares e uma simples câmera digital, registrando nesses pequenos aparelhos aquilo que viam e ouviam. Horas antes do evento se iniciar, tiveram uma aula de roteirização, de uso do equipamento, enquadramento, dada por Romulo Carvalho Nascimento e Dayana Valle, experientes fotógrafos e companheiros de grupo. A edição, parte importantíssima do processo, foi inteiramente realizada pelo Romulo, visto que o grupo ainda "ensaia" seus primeiros passos nessa arte.
     O trabalho aí está. Longa vida ao grupo de Cinéfilos leopoldinenses!