sexta-feira, 6 de abril de 2012


     A semana vai terminando, com o feriado prolongado da Páscoa. Tempo de Renascimento. O símbolo da renovação. Da transformação, para melhor, que as ações praticadas provocam. A morte daquilo que não mais tem representatividade, cedendo espaço para que um novo e mais alvissareiro tempo se instale.
     No finalzinho da tarde da última segunda-feira, a música saudou os últimos raios de sol. Nos jardins da Casa de Leitura Lya Botelho, quase 40 jovens fizeram, com seus instrumentos musicais, uma homenagem a todos aqueles que, naquela hora, voltavam do seu trabalho, iam para seus cursos noturnos, aproveitavam para passear, levavam para casa as compras para o jantar. Simples assim. Sem alardes, sem formalidades, sem protocolos, mas cheios de vida, de amor à arte, com desejo de compartilhar indistintamente, de falar aos ouvidos e corações de todo leopoldinense.
     Idéias e ações como essa são exemplo de renovação, do descortinar de novos tempos, de que a juventude é uma força, uma esperança de dias ainda melhores no porvir. A juventude (e não estou me referindo àquela que é contada em anos) é o exemplo de continuidade, de renovação de antigos e já bastante desgastados padrões, e uma abertura para novos horizontes, onde os seus curiosos e prescrutadores olhos descortinam novas possibilidades e oportunidades.



     Foi emocionante observar as pessoas que passavam pela rua naquele momento, diminuirem o passo, pararem, chamarem a atenção das demais, maravilhados com o espetáculo que acontecia à sua frente. O silêncio, respeitoso, comprovou que a Arte tem um poder de harmonizar o ser humano, seja ela apreciada dentro de modernos ou vetustos museus, nos parques, jardins ou galerias, nas salas de concerto, nos grandes teatros ou nos circos que vagueiam pelas nossas estradas. A Arte foi reconhecida e apreciada, naquele início de noite, sendo feita num jardim de uma casa localizada no interior deste país de tamanho continental. Tão grande e emocionante como aquela executada nas famosas salas de concerto das principais cidades do mundo.
      Desde a sua instalação em 1956, o Conservatório Estadual de Música "Lia Salgado" tem sido ponto de referência e legítimo representante da arte, cultura e, em especial, da música em Leopoldina-MG e região. Revelando inúmeros talentos, despertado o gosto pela arte musical e a sensibilidade de várias pessoas que iniciaram sua formação nesta escola, seguiram seus estudos na área, graduaram-se, licenciaram–se e hoje estão novamente no Lia Salgado, colocando em prática seu aprendizado e ensinando música às novas gerações. Seu nome é em homenagem à Sra. Lia Salgado, cantora lírica, esposa do ex-governador de Minas Gerais, Clóvis Salgado.



     Quando a Fundação Ormeo Junqueira Botelho decidiu transformar a residência da família do Dr. Ormeo Junqueira Botelho, tinha esse propósito: que a casa viesse a ser um centro de referência e de aglutinação de todos aqueles que contribuem, com sua produção, para com a Cultura local e regional, bem como todo o cidadão desejoso de consumi-la, absorvendo-a através dos seus sentidos. A ENERGISA, então, como patrocinadora e mantenedora da Casa de Leitura Lia Botelho, possibilita que nossos jovens cidadãos tenham amplo acesso a bons livros, desenvolvendo o prazer pela leitura; que aprimorem seus conhecimentos através do novos recursos midiáticos, como o vídeo e os canais de rede disponibilizados pela internet; que seus professores possam estar em constante atualização profissional para poderem contribuir, cada vez mais, com a formação desses que são o futuro do nosso povo.
     Assim, quando recebemos a solicitação de um dos professores do Conservatório Musical Estadual Lia Salgado para a realização de um "ensaio aberto" (não uma apresentação já pronta, preparada, definitiva, mas ainda em processo de ensaio), a Coordenação da Casa de Leitura Lya Botelho ali identificou uma saudável e criativa possibilidade de colaborar para que as atividades e os movimentos culturais da nossa cidade abandonem o ranço elitista para "renascerem" jovens, dinâmicos, integrados à comunidade.
     Então, sem qualquer formalidade de convites ou avisos, esses jovens se reuniram, como o fazem todas as segundas-feiras, para praticarem a linguagem que amam: a música. Só que desta vez, ao ar livre, junto à natureza, em meio ao movimento da cidade que começava a se preparar para descansar da lide diária.
     Que surpresas agradáveis e importantes como essa aconteçam sempre, muitas vezes, nos mais diversos recantos de Leopoldina, para que nós, o povo, possamos delas desfrutar.
    

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