A casa, em sua imponência, domina a esquina e a visão dos
que passeiam e descansam nas aleias da Praça Félix Martins. A arquitetura, que se
traduz em elementos neoclássicos e coloniais brasileiros, faz com que ela se
destaque na rua que ainda guarda terrenos vazios esperando por outras
edificações.
O artista escolhe o ângulo daquele que observa com
respeitosa distância, em meio à natureza, à sombra de árvores centenárias, que
emolduram o que a mão do homem construiu. A casa se ergue, rubra, em meio ao
verde das árvores e dos morros que lhe servem de cenário. Uma rosa encarnada,
de tijolos, em meio a uma cidade que parece ser um jardim.
Luiz Raphael Domingues Rosa, autor dessa tela, distribui os
elementos em 3 movimentos como se fosse uma peça musical: à direita, o portão
de entrada que limita o espaço público do privado, mas que não impede a
apreciação do jardim e da construção. No meio da tela, a fachada principal em
todo o seu esplendor e glória. O branco dá-lhe um caráter de templo grego, de
entrada de foro romano, de palacete senhorial. Mas é à esquerda da tela, no
restrito espaço entre duas árvores, que percebemos melhor a casa de família,
com suas janelas abertas para que entre a luz e a brisa, para que as pessoas no
seu interior ouçam os sons da cidade, para que nelas se debrucem apreciando a
luxuriante vegetação da praça em frente,
Com essas divisões, Luiz Raphael dá ritmo e vida ao objeto
da sua pintura. O casarão da esquina deixa de ser apenas a soma dos seus
elementos arquitetônicos e a eles acrescenta a humanidade das pessoas que o
habitam, ainda que não as vemos. E, com a licença concedida a todos os
artistas, audaciosamente acrescenta, sobre a imagem pintada, um célebre trecho
escrito por Rainer Maria Rilke (traduzido por Cecília Meireles) em sua primeira
carta no livro “Cartas a um jovem poeta”:
“Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as
imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência
cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que
não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito,
não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente.”
Foi exatamente isso que Luiz Raphael Domingues Rosa fez com
seu talento e arte: utilizou-se da paisagem do lugar onde vivia, das
construções, ruas, praças, bosques, da sua imaginação e da memória para
exprimir seu profundo amor por Leopoldina.
Quadro: “Residência José Peres” / 1984 Acervo: Rubens Maia
Curiosidade: Carlos Luz, político leopoldinense com
brevíssima passagem pela Presidência da República, foi um dos moradores desse
imóvel que, graças à manutenção constante realizada por seus proprietários,
mantém-se fiel ao seu desenho original.
A exposição “LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR”,
permanece aberta até 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira das 8:00 às
11:30h e das 13:00 às 17:00h. Aos sábados, das 8:00 às 11:30h.
Patrocínio: ENERGISA
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina,
Secretaria de Educação de Leopoldina, Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e
Turismo de Leopoldina.
Apoio Institucional: FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho
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