sexta-feira, 28 de novembro de 2014

REMEMORIA 80: o acervo de Elias Abrahim Neto em exposição na Casa de Leitura Lya Botelho


REMEMÓRIA 80


A Casa de Leitura Lya Botelho, dentro do projeto “Leopoldina: Memória e Patrimônio”, vem pelo 2º ano consecutivo propor uma reflexão sobre os bens culturais, materiais e imateriais, que representam as estruturas onde o núcleo social constrói sua história.

O acervo do leopoldinense Elias Abrahim Neto, cuja parcela referente aos anos 80 do século passado é o motivo desta exposição, constitui um exemplo de como o cidadão comprometido com seu tempo e lugar pode dar guarda à história local, colecionando-a através do olhar atento e a significativa seleção e registro dos fatos.

Em todo o mundo a década de 80 foi de grandes mudanças, tanto no comportamento das pessoas, seja pelo avanço tecnológico ocorrido ou pelas revoluções e crises políticas. As Artes em geral, como sempre, muito bem refletiram esses tempos atribulados apropriando-se da crescente evolução tecnológica e sua popularização (fotografia e vídeo digital, internet, computadores domésticos, TV’s a cabo, etc) para diagnosticá-los e registrá-los.

Elias Abrahim Neto foi um desses cidadãos que se apropriaram dos benefícios das novas tecnologias e equipamentos disponíveis para registrar e comentar o seu tempo. A facilidade oferecida pela câmera fotográfica compacta, mais leve e o acesso a novas  máquinas impressoras, inclusive às potentes e sofisticadas fotocopiadoras, possibilitaram que o jovem Elias pudesse expressar-se mais e melhor naquilo que muito lhe agradava: o registro de tudo o que possa constituir o patrimônio de sua cidade natal.

Nasceu então o ALMANACK DO ARREBOL, de formato inspirado nos existentes almanaques que costumeiramente eram distribuídos em farmácias e outros prestadores de serviços. Em muito lhe agradava a liberdade de, num mesmo material, poder abordar a arte e a cultura ao entretenimento. De pequeno formato, a revista, dependendo de patrocinadores, circulava com alguma regularidade e existiu até a sua 9ª edição trazendo entrevistas com pessoas de destaque na cidade, registrando fatos e ocasiões de importância, dando espaço para que escritores, memorialistas, desenhistas, gravadores e fotógrafos pudessem se expressar e, à maneira dos demais almanaques circulantes, explorando o lazer através do humor, tirinhas e palavras cruzadas.

A importância do ALMANACK DO ARREBOL é justificada pelo registro de iniciativa independente de pessoas e eventos que se mostravam importantes nos aspectos socioeconômicos e culturais daquela década, em Leopoldina, em plena Zona da Mata mineira. Sem competir com os jornais existentes na época, o ALMANACK pode ser visto como um precursor dos suplementos culturais de hoje.

A exposição que ora apresentamos pretende levar o visitante a uma viagem àquela década através do olhar de Elias Abrahim Neto. São centenas de fotos dos seus arquivos pessoais, registros realizados por ele sem pretensões artísticas outras do que a de perpetuar uma cidade que estava começando rapidamente a se transformar, perdendo ou substituindo algumas das suas características, adquirindo nova silhueta e desenvolvendo novas maneiras, costumes e necessidades. Ruas, praças, construções, pessoas, festas populares, eventos políticos, personagens locais, praticamente tudo e todos ocuparam a atenção de Elias. Basta, entretanto, um passar de olhos nessas fotografias e nos textos e imagens de qualquer dos números do ALMANACK DO ARREBOL para percebermos que não há a fria e pretensa neutralidade jornalística nos elementos expostos. Ao contrário, o autor se dispõe comentar, pelo recorte do seu olhar, aqueles tempos, sua própria terra e seus habitantes, num eloquente registro crítico e sentimental.

Graças ao patrocínio e apoio da ENERGISA, da Prefeitura Municipal de Leopoldina, da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo, bem como da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho, a Casa de Leitura Lya Botelho tem a grande satisfação de apresentar o Acervo Elias Abrahim Neto na certeza que o mesmo possa ser inspirador para o melhor conhecimento da História e valorização da Cultura local. Esperamos que o visitante reconheça, assimile e desenvolva a importância da preservação e catalogação dos bens culturais da cidade para o enriquecimento do registro da História local. Os futuros cidadãos leopoldinenses agradecerão essa iniciativa.

A exposição permanece aberta ao público de 04 de novembro a 20 de dezembro de 2014.

Leopoldina, Novembro/Dezembro de 2014


Alexandre Moreira, Coordenador da Casa de Leitura Lya Botelho

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