quarta-feira, 11 de abril de 2012

Casa de Leitura Lya Botelho mostra e discute Cinema


     

     Cinema, a sétima arte, é único como linguagem e força expressiva, mas não deixa de ser uma somatória de todas as demais. Provavelmente não existiria se a humanidade não tivesse, desde os seus primórdios, buscado maneiras de registrar o que via e sentia, fosse nas paredes das cavernas, ou nos mármores de Carrara.
     Leopoldina-MG, como tantas outras cidades do interior do Brasil, não possui cinema. Já teve. Mas, pelas razões as mais diversas, inclusive o surgimento e popularização da televisão (sempre apontada como a grande vilã), os cinemas forma cerrando suas portas, apagando a luz dos seus projetores e tendo seus espaços ocupados pelas prateleiras dos supermercados, ou sendo transformados em estacionamentos.
     Essa carência, que nunca é plenamente suprida com as novas telas de TV ou projetores de vídeo, passa, desde hoje, a ser minimizada pelo Projeto "A Arte de Ver", promovido pela Casa de Leitura Lya Botelho. Todas as quartas-feiras, às 19:30h, na nossa Videoteca, serão apresentados filmes de notória importância na história do cinema mundial.
     Sem nenhum preconceito com gêneros, estilos, linguagens, origens, períodos ou autores, estaremos mostrando, sem nenhuma ordem cronológica de produção, filmes representativos em termos artísticos, que provoquem reflexões, opiniões, diálogos. Sempre que for possível ou conveniente, teremos diretores, produtores, roteiristas, atores, técnicos para debaterem, ao final da apresentação, com a audiência, mesmo porque acreditamos que essa discussão possa ser de grande valor para compreender-se a importância do cinema como forma de arte, e não apenas de entretenimento.
     Começamos com um clássico-moderno, "O Baile" (Le Bal), produção ítalo-franco-algeriana de 1983, dirigida pelo italiano Ettore Scola.



     O Baile (Le Bal) é uma peça de teatro adaptada para o cinema. Fala, portanto, as duas linguagens: aquela do palco, intensa, grandiosa, eminentemente gestual, e a outra, das telas, feita de expressões contidas, de movimentos sempre coreografados para serem captados pela câmera, de cortes, de dilatações e saltos no tempo. São duas artes, duas linguagens com muito parentesco, que dialogam.
Exercício fantástico de 25 atores que interpretavam um total de 140 personagens, foi responsável por imensas filas na porta do teatro onde a Compagnie Théatre du Campagnol se apresentou, durante anos, e, por esse motivo, atraiu a atenção dos produtores em transportá-la para o cinema. A escolha da direção recaiu sobre Ettore Scola, italiano reconhecido pela excelente, e comercialmente bem sucedida filmografia, além de uma primorosa direção de atores.
     Esse é um filme que seduz a todos, com os seus personagens, com grandes interpretações, com uma trilha sonora que é um dos mais importantes fios condutores da história, já que não há diálogos, e pelo cenário, um salão de baile, único, teatral, que vai-se adaptando, com recursos mínimos, para representar 70 anos de história de uma Paris, cjos exteriores nunca vemos, mas sentimos.


     Escritores, jornalistas, roteiristas, aqueles que fazem da escrita essência de vida e uma profissão, ficarão impressionados pela consistência do roteiro.
     Atores e estudantes das artes (circo, dança, pantomima,teatro, cinema, vídeo, fotografia), bem como aqueles que produzem imagens (pintura, foto e vídeo), encontrarão nesse filme toda uma gramática de interpretações, caracterizações, de expressão corporal, composições pictóricas, de movimentos de câmera, enquadramentos, iluminação e do uso simbólico da cor.
     Essas, e muitas outras mais, são razões suficientes para assistir-se, rever, comentar, discutir e deixar-se envolver pelo microcosmo criado por Ettore Scola nesse seu “O Baile”, de 1983.

Quando: hoje, 11 de abril, às 19:30h
Onde: Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4  Leopoldina-MG)
Entrada Franca (25 lugares)
Censura; 14 anos

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