sábado, 29 de novembro de 2014

Da janela dos fundos: Luiz Raphael Domingues Rosa e o Espaço dos Anjos


A janela do atelier abria-se para o quintal onde a mangueira dava sombra nas tardes quentes de Leopoldina. A simplicidade, um ascetismo quase religioso, a lide do dia a dia ficam representadas pelas presenças das vassouras encostadas à parede, do encanamento aparente, do fio de luz descendo do teto e contornando a janela, o branco que inunda paredes e céu como se quisesse servir de tela para o artista.

Luiz Raphael, por longos anos, manteve a casa da Rua Barão de Cotegipe 386 como seu atelier, seu museu particular, seu laboratório de ideias, seu espaço dos anjos. Local de peregrinação obrigatória para todo aquele desejoso em conhecer melhor a história da cidade e do seu povo e, sobretudo, entrar no universo do poeta Augusto dos Anjos, lá era o lugar para se ir e estar. Alunos, pesquisadores, artistas, amigos, todos encontravam no Espaço dos Anjos, a antiga moradia da família do paraibano Augusto dos Anjos, um local de culto à memória do mesmo e de contato com a história e a produção artística da cidade.

Da janela que se debruçava sobre o quintal, de onde o artista ouvia o canto dos pássaros e apreciava a luz do sol refletida na brancura dos muros e paredes, vê-se hoje o anfiteatro que leva seu nome. Vê passar por aquele pequeno palco músicos, declamadores, poetas, escritores, cantores, bailarinos, professores, autoridades, todos usufruindo da casa que Luiz Raphael Domingues Rosa lutou sozinho por manter para que toda a cidade pudesse dela desfrutar.

A pequena sala-atelier continua lá, sem o cheiro das tintas, agora é a biblioteca técnica do Museu Espaço dos Anjos, onde estudiosos do mundo inteiro vêm conhecer e aprender mais sobre o poeta Augusto dos Anjos. Talvez os visitantes parem para olhar pela janela com alguma curiosidade, sem provavelmente saberem que ali estão porque houve um dia um artista leopoldinense que dedicou sua vida e sua arte para fazer com que essa janela ficasse para sempre nesse mesmo lugar.

Quadro: “Contente” (1985) / Acervo Elias Fajardo da Fonseca

Esse quadro integra a exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

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