sábado, 29 de novembro de 2014

Domingo de Carnaval: o Tempo e a Memória na obra de Luiz Raphael Domingues Rosa


Domingo de Carnaval. O centro da cidade é palco de um corso de carros carregados de piratas, odaliscas, colombinas. Na estação foliões brincam na plataforma, não se importando com chegadas ou partidas. O que vale é a diversão.

O cruzamento da Barão de Cotegipe com os trilhos da estrada de ferro é onde se exibem no convés de sua embandeirada nau os divertidos piratas-da-perna-de-pau-do-olho-de-vidro-da-cara-de-mau. Logo ali, um carro transformado numa estrelada tenda onde diáfanas odaliscas se esquecem do silêncio do deserto e, vindo em sentido contrário, pierrôs e colombinas saúdam Momo, que reina sobre os festejos.

Caminha pela rua um gigante nada ameaçador a brincar com os foliões enquanto a dupla de marinheiros, que provavelmente nunca tenha chegado até o mar, caminha em direção à folia que acontece em terra firme. Na graciosa casa da esquina, que um dia sucumbirá ao tal do progresso, a sedutora espanhola encanta, com sua beleza e figurino, um entusiasmado arlequim que por ela esqueceu-se da Colombina.

Uma das mais lúdicas e sensíveis obras criadas por Luiz Raphael Domingues Rosa , “Domingo” é um quadro para ser apreciado com poesia no olhar. O convite para tomarmos parte nessa encantadora festa pagã se faz na perspectiva de linhas acentuadas, no símbolismo dos trilhos que nos indicam o caminho da diversão, no colorido dos figurinos cuidadosamente detalhados, na luz quente que permeia a atmosfera da festa, na pequena máscara negra, em primeiríssimo plano, esquecida nas pedras do chão.

Carnavais já foram assim, feitos de imaginação, sonho, fantasia e inocência. Os domingos também, quando se ia ao cinema, passeava-se pela praça, trocavam-se olhares e sorrisos, bilhetinhos românticos eram passados às escondidas e ainda permitíamo-nos encontrar e desfrutar alegrias nas coisas mais simples.

Visionário e intuitivo, como o são os artistas, Luiz Raphael conservou esse momento de festa na sua Leopoldina em tinta e tela para que hoje pudéssemos conhecer, ou recordar, o que o Tempo insiste em apagar.

Quadro: “Domingo” (1994) / Acervo: Dr. Ormeo Lopes Faria Filho

Este quadro faz parte da exposição LEOPOLDINA E LUIZ RAFAEL RAPHAEL: UM CASO DE AMOR que segue até o dia 20 de dezembro de 2014 na Casa de Leitura Lya Botelho (R. José Peres, 4 / centro Leopoldina-MG).

Esta exposição é patrocinada pela ENERGISA e tem o Apoio Institucional da FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho.
Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

#energisa #casadeleitura #leopoldina #mg#artesplasticas #pintura #quadro #augustodosanjos#janela #exposição #cultura #educação#educaçãoartistica #arte #fojb

Nenhum comentário:

Postar um comentário